Eu faço questão de dizer de novo que eu disse a vocês que vocês precisariam ter um pouco de paciência… Lá vem mais propaganda. Lá vem mais apelo.
E lá vem mais apelo porque a campanha está funcionando, o número de assinantes gratuitos vem crescendo vertiginosamente e o de assinantes pagos, meu objetivo, também (mas ainda não vertiginosamente).
Os assinantes que pagam, pagam valores irrisórios para terem acesso à newsletter (edição especial) que chega na sexta-feira em suas caixas de e-mail.
Pausa: a edição de ontem está especialmente boa, às favas a modéstia.
Quem optar pela assinatura anual pagará um valor de R$ 4,12 (quatro reais e doze centavos) por cada texto publicado, levando-se em conta que publico quatro textos por mês, que chegam às sextas-feiras, sem prejuízo dos textos gratuitos que continuarão chegando aos sábados.
É evidente que a newsletter de sexta e a newsletter de sábado não guardam nenhuma semelhança; e que aquela que chega às sextas é a cereja do bolo.
A assinatura anual sai por R$ 198,00 (cento e noventa e oito reais), ou R$ 0,55 (cinqüenta e cinco centavos) por dia.
Não é nada, pô.
É só clicar aqui. Conto contigo.
2024, A MAIS DIFÍCIL DAS QUARESMAS
Olha, clicando aqui vocês terão um aperitivo do que servi ontem aos assinantes pagos.
Mas vamos ao que quero lhes dizer.
Não sei exatamente qual a razão… mas fato é que enfrentei, neste 2024, a mais dura, a mais difícil, a mais implacável das quaresmas a que me submeto desde sei lá quantos anos - muitos!
Mentira. Sei, sim.
Minha primeira quaresma deu-se em 2013, lhes conto mais abaixo na seção Das prateleiras do Buteco do Edu, graças ao santo incentivo de meu dileto amigo Rodrigo Gava, a quem, aliás, dedico esta edição da newsletter - ele que está atravessando a primeira Páscoa sem seu pai, Odemir, chamado há pouco para a vida eterna.
Rodrigo Gava é, em apertada síntese, católico, além de católico é apostólico e, mais do que isso, romano e comunista. Ou, a definição é dele, um socialista cristão.
A título de curiosidade: foi o primeiro amigo da Morena que conheci.
Dei a sorte, ou tive a graça, de estar em sua companhia na missa da Quinta-Feira Santa e na Celebração do Senhor Morto (e certamente estaremos juntos hoje, às 20h, na Missa da Ressurreição - de onde saio para finalmente beber). Isso para falar nas missas do Tríduo Pascal, pois estivemos juntos também na missa do Domingo de Ramos.
Agora somos vizinhos - ele mora há anos em Copacabana - e freqüentamos a sacrossanta Igreja de São Paulo Apóstolo, na Barão de Ipanema (a mesma a que tantas vezes fui, vejam como é a vida, com meu irmãozinho Fábio Matos que, em dezembro, completará 20 anos de vida eterna).
Não consigo explicar a vocês o que é passar por isso.
Rodrigo Gava é um padre sem batina, o catacúmeno que deu certo. Sabe a missa de cor e salteado, senta e levanta nas horas certas, canta tudo, está sempre contrito, a cabeça baixa, as mãos ora espalmadas em direção ao alto, ora postas sobre o peito em sinal de agudo respeito, usa o folheto da missa apenas para se abanar.
Foi graças a ele - era o que queria desde o início lhes contar - que passei a cumprir o rito da Santa Quaresma.
Ele é uma espécie de Papa particular, a quem recorro em horas de agonia.
Dito isso, voltemos à dor da Quaresma de 2024.
Não sei se foi por conta da separação, há pouco menos de um ano. Não sei se foi por conta das imensas e intensas revoluções particulares que vivo (um dia tratarei disso aqui, evitando, assim, a propagação dos ditos maldosos, dos mexericos, dos disse-me-disse que pipocam desde a rua do Ouvidor - eu sei). Não sei se foi por conta de estar em Copacabana, onde a vida é menos reclusa do que na Tijuca, onde me era mais fácil fugir das tentações (lembrando que eu me privo de açúcar, de álcool, de carne vermelha e de farinha branca). Não sei, franca e sinceramente não sei.
Mas sei que foi, de longe, a mais dura de todas.
À meia-noite de hoje (estamos na Sexta-Feira da Paixão), madrugada do Sábado de Aluluia, estarei apto a beber (a mais dura das privações é, indubitavelmente, é o álcool).
Mas é preciso prolongar meu calvário, é preciso fazer durar um pouco mais meu holocausto para que seja tudo mais bonito. Somente após o fim da belíssima Missa da Ressurreição (no Sábado de Aleluia) é que me permitirei o desfrute.
Quero, efetivamente quero, renascer junto com o Cordeiro de Deus na manhã do domingo, quando me emocionarei mais uma vez vendo meu filho, 5 anos de idade, percorrendo a casa atrás das marcas das pegadas do Coelhinho da Páscoa a fim de encontrar o tanto de ovinhos de chocolates escondidos nos mais estapafúrdios lugares.
Exatamente como meus pais faziam comigo.
Meus pais que, quero lhes contar isso também, vieram almoçar hoje conosco.
Pedi, sôgrefo, quando mamãe chegou:
— Corta minhas unhas dos pés? - ela não conseguiu esconder o susto.
Era eu (é como, agora, interpreto o intempestivo pedido) querendo tornar aos tempos de outrora.
A vida, não me canso de dizer, faz desenhos bonitos demais.
DAS PRATELEIRAS DO BUTECO DO EDU
Hoje, na seção Das prateleiras do Buteco do Edu, blog que mantive ativo de março de 2004 a dezembro de 2020, republico Minha primeira quaresma, texto publicado no dia 21 de fevereiro de 2013, aqui.
“Lembro-me como se fosse hoje. Ela, sem esconder a excitação com a efetiva possibilidade daquilo acontecer o quanto antes, disse-me com os olhos fixados nos meus:
– Você pre-ci-sa conhecer o Gava! – e ela disse o “precisa” assim mesmo, separando as sílabas, enfatizando a necessidade do encontro.
Estávamos no Bar da Maria, na rua Garibaldi, e eu dei corda:
– É? Por que?
Ela derramou-se em elogios e passou a desdobrar, sobre a mesa, a biografia do sujeito. Eram conterrâneos, do Paraná, e ele já estava morando há coisa de uns meses (pouco mais de ano) no Rio, “um pouco deslocado”, (acho que) ela disse. E tornou a repetir, depois de um vigoroso gole na cerveja estupidamente gelada que dividíamos:
– Você pre-ci-sa conhecer o Gava!
Fato concreto é que eu conheci o Gava.
Antes, porém, faço questão de lhes contar um detalhe fundamental.
Durante a tal conversa no Bar da Maria, ela disse-me quase aos cochichos:
– O Gava é católico.
E eu sei lá por qual razão a junção dessas duas palavras numa mesma frase – Gava / católico – causou-me uma espécie de respeito prévio, imediato, pelo sujeito. Ela foi adiante:
– Católico! No duro! E da ala avançada da Igreja…
Tornou a baixar a voz:
– Respeita a Quaresma…
Voltemos.
Conheci o Gava poucos minutos antes da saída do Bola Preta, no Carnaval de 2012. Estávamos, eu e ela, começando a viver nosso primeiro Carnaval juntos e ela achou uma boa idéia, vá entender, apresentar o namorado (eu) para o amigo (ele) na manhã do Sábado de Carnaval.
Eu estava fantasiado de Vilma Flinstones, um vestidinho com estampa de onçinha, meia arrastão, com unhas postiças pintadas com esmalte cor-de-abóbora, uma peruca imensa combinando com as unhas, óculos escuros comprados na rua da Alfândega, na véspera, e rodando uma bolsinha porque eu já saíra calibrado de casa – evidentemente.
A impressão que guardei desse primeiro encontro – eu estava impressionado desde o Bar da Maria – foi a de que ele foi, assim, 100% católico: lembro-me dos olhos compungidos de tanta piedade diante de mim (guardo ligeira impressão de ter visto ele fazendo o sinal da cruz como que a me benzer) e de nada mais, até nosso encontro seguinte (já bem depois do Carnaval).
De lá pra cá, eis a verdade: constatei que o Gava é, efetivamente, um grande praça. Almoçamos com beneditina freqüência, trocamos e-mails com alguma assiduidade, vamos lá, aos poucos, costurando uma relação como – é como penso – ela imaginou no não tão longínquo novembro de 2011. Mas a cada encontro – eis o assombroso! – eu saio repetindo, de mim para mim:
– O Gava é católico.
E logo depois eu mesmo emendo:
– Apóstólico e romano!
Pausa: o Gava anda tendo cólicas de ansiedade com a eleição papal que se aproxima. Nisso, vejam que bonitos são os caminhos da vida, ele e o Szegeri (um ex-católico fervoroso) são irmãos. Volto ao assunto.
Até que, poucos dias antes do Carnaval deste 2013, almoçávamos, eu e o Gava, no centenário Cosmopolita, na Lapa. E eu estava reclamando do meu estado físico (estou, a cada dia que passa mais, uma bóia) quando ele me interrompeu:
– Recolha-se na Quaresma.
E disse isso, meus poucos mas fiéis leitores, com uma calma, com uma tranqüilidade, que vi pombas brancas sobrevoando sua cabeça, uma espécie de São Francisco de Assis (mais bonito, que o Gava é um pão, diriam minha bisavó e minha avó) diante de um rebento perdido e transido.
E cá estou eu vivendo minha primeira Quaresma, sem pôr uma única gota de álcool na boca desde o domingo último (sei que, com isso, não estou a seguir as regras de Roma, mas meu Papa é outro). No sábado, inclusive – notem o grau de santidade do cara – estive no Desfile das Campeãs com a Morena. Quem foi conosco? Ele, o Gava.
Sambou como um curitibano. Bebeu como um cossaco. Dormiu no concreto das arquibancadas como um mendigo. E faltando pouco pro dia clarear, ergueu-se e despediu-se de nós.
Deu-me um fraterno abraço, uns tapinhas nas costas, e soprou-me no ouvido, catoliquíssimo:
– É amanhã, é amanhã! Comece amanhã! Quarenta dias não são quarenta horas. Boa Quaresma… – e sumiu em meio à multidão.
Até.”
LIVROS (A HORA DA JABALÂNDIA)
Publiquei poucas coisas até hoje.
Mas publiquei.
Meu lar é o botequim, que está esgotado, foi o primeiro (mentira, tenho vergonha do primeiro e por isso eu o omito). Pode ser comprado só em sebos (aqui) - tenho apenas um exemplar novo em folha e que estou aqui pensando como posso sortear.
De hoje não passa, escrito a quatro mãos (uma troca de cartas) com Julio Bernardo (aqui).
E Tijucanismos, aqui.
Uma ou outra coletânea… e olhe lá.
UMA DICA DE PLAYLIST
Quero indicar a vocês, meus pouco mas fiéis leitores, uma das playlists que montei no Spotify - Buteco do Edu - que já conta com 76 seguidores.
Ela será permanentemente incrementada.
Ela está aqui ou, se preferir, ouça já! - abaixo.
A referida playlist deve ser ouvida no modo aleatório e, repito, está longe de estar definitivamente pronta. Assim como eu.
Até.
Podemos continuar o papo (e você pode saber mais sobre mim, nessa exposição permanente que são as ~redes sociais~) no Twitter | no Instagram | ou no YouTube
Dúvidas, sugestões, críticas? É só responder esse e-mail ou escrever para edugoldenberg@gmail.com
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