Eu, estamos em maio de 2022, ainda não me recuperei da perda desse monstro sagrado que foi Aldir Blanc, em maio de 2020 - lá se vão dois anos.
Conheci Aldir em 1995, final de 1995 - fui apresentado a ele por Mauro Aurélio Braga Nery, seu grande amigo - e de quem também me tornei, privilégio meu, amigo (falei sobre ele também aqui).
A última vez que nos vimos (falávamos ao telefone diariamente, foi assim até sua morte) foi em 27 de abril de 2018 (registro abaixo, feito em seu apartamento, na rua Garibaldi), quando fomos, eu e Morena, a pedido dele, fazer uma visita para que ele pudesse rezar a barriga que guardava Leonel (conto sobre essa visita aqui).
Mas o que quero lhes contar hoje não é exatamente sobre esse dia. É sobre o assombro que me causou receber, dia desses, uma mensagem de sua viúva, companheira do infinito pra depois, Mary Blanc.
Não era nem mesmo uma mensagem, era a imagem de um manuscrito do Aldir, o que já me causou profunda emoção. Vejam vocês.
Antes, porém, permitam-me repetir: o conheci em 1995, tinha eu 26 anos de idade. Aldir já era, pra mim, um ídolo. Quis o tempo, sorte minha, que com o passar dos anos nos tornássemos amigos, confidentes e outros bichos.
Quando estreitamos pra valer nossa relação? Não sei. Quando começamos a troca quase que insana de telefonemas diários? Não lembro.
Vai daí que a Mary me enviou o tal manuscrito a que me referi.
E eu fui, do instante em que li em diante, um sujeito arremessado ao passado, a 1995, perscrutando nossos primeiros encontros (onde? quando? como?) em busca do momento em que Aldir disse, de si pra si, é um dos nossos - se referindo a mim.
O manuscrito, um bilhete dirigido a ela, Mary, datado de 05/01/1998.
E tá lá, à certa altura do bilhete:
“Se eu ficar doente ou morrer, todos estão sob a guarda de vocês - você, meu amor, Marco, Zeca, que são os melhores, e essa promessa de amizade infinita que é o Goldenberg.”.
Tive febre - eu acho - tentando descobrir o momento exato, repito, em que ele disse, olhando pra mim: é um dos nossos.
E reforçou-se, em mim, a certeza de que Aldir foi bruxo.
Porque efetivamente, e isso me emociona brutalmente, nossa amizade logo deixou de ser promessa pra ser infinita.
LONDRES X RIO
Há anos trocamos mensagens - ora pelo Twitter, ora pelo WhatsApp.
Implicantes, eu e ele. Chatos - como nos chamamos desde o primeiro momento.
Até que chegou o dia.
Rodrigo Carvalho estaria no Rio para o Carnaval - mais precisamente para os desfiles das escolas de samba, em abril - e eu prometi a ele (e ele, chato, me cobrou!) um almoço em casa, na afamada Maison Goldenberg & Piana.
Não havia data, ele com a agenda apertadíssima, os desfiles das escolas, mas batemos o martelo, eu e a Morena. Como eu havia feito aniversário numa quarta-feira, 27 de abril, decidi que faria uma feijoada no domingo, primeiro de maio, um dia depois do desfile das escolas de samba campeãs, no Sambódromo - e o convidei.
Fui raçudo.
Passei a noite, madrugada adentro, vendo o Sábado das Campeãs in loco.
Chegamos em casa às seis, fui direto à feira. Comprei couve, laranja, louro, tomei a primeira cerveja da manhã na gloriosa barraca do Gérson e às oito já estava na lida na cozinha cuidando do feijão e das carnes.
Pausa: a feijoada que faço é, modéstia às favas, concorridíssima. E a receita é a mais lida do blog que mantive por muitos anos, pode ser lida aqui.
Voltando: Rodrigo chegou com Thales, ambos egressos do jogo do Botafogo.
Deu-se, ali, no instante em que abri a porta, aquela euforia de amigos de infância que se encontram depois de muitos anos.
Mas vamos ao que quero lhes contar.
Ele veio com uma intenção no bolso da bermuda: entrevistar meu pai (vício dos jornalistas).
Tendo lido Tijucanismos (que pode ser comprado aqui), Rodrigo queria porque queria saber do meu pai - um dos principais personagens das histórias reais que conto no livro - se as histórias do livro eram de fato histórias reais, se o que eu contava sobre ele, meu pai, e sobre suas obsessões (contei algumas aqui), era de fato verdade. E respondeu, o Isaac, mexendo o gelo do uísque com a ponta do indicador:
— Nem dez por cento.
Dia desses, Rodrigo já de volta a Londres, mandei pra ele uma mensagem.
Em apertada síntese eu lhe contei que papai, que dissera a ele que eu mentia, com viagem marcada para Paris para o final de junho (ju-nho) já está com a mala pronta. Já providenciou cópias das chaves de seu apartamento para deixar com os filhos em caso de emergência (!!!!!). E já combinou tudo com o taxista que irá levá-lo para o aeroporto doze horas antes do embarque para evitar contratempos no despacho das bagagens.
NOI
A newsletter segue com a parceria com a Noi, a mais carioca das cervejas - a despeito de ter nascido em Niterói.
Já lhes fiz a confissão e a repito: eu e Simas usamos e abusamos do delivery da Noi durante o dificílimo ano de 2020 e em 2021 tive a graça de saber que quem armazena e gerencia a distribuição da Noi aqui no Rio é o Thiago, meu irmão, irmão do meu irmão, de quem já lhes contei também aqui.
Você pode fazer seu pedido de delivery aqui e, na hora de fechar, usar seu cupom de desconto BUTECODOEDU
Usem e abusem que o desconto é de 10% e o chope e a cerveja são demais.
Até.
Podemos continuar o papo (e você pode saber mais sobre mim, nessa exposição permanente que são as ~redes sociais~) no Twitter | no Instagram | ou no YouTube
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