Chamava-se oficialmente Café e Bar Brotinho. Ficava na rua Garibaldi, número 13, e viveu seus momentos de glória na década de 90, quando Moacyr Luz e Aldir Blanc moravam no mesmo prédio, um no térreo e o outro no quarto andar, a poucos metros do portentoso botequim que ambos freqüentavam - Moa mais que Aldir, diga-se.
Hoje, quase trinta anos depois, posso dizer sem medo do erro que vi meu primeiro casamento ir mofando aos poucos, como torresmo velho em estufa de botequim, graças ao Bar da Dona Maria. Eu tinha apenas 25 anos de idade, havia conhecido Moacyr e Aldir há pouco - passaram de ídolos a fraternos amigos - e eu passava os dias praticamente todos, da manhã à noite, dentro daquele estabelecimento mágico tocado pela Dona Maria e pela Adelaide, sua filha. Foi inevitável, cinco anos depois do matrimônio, voltar pra Tijuca de mala e cuia (dormi durante cinco anos exilado, na Lagoa) - e divorciado.
O bar durou bem mais que meu primeiro casamento. Mas também morreu, como minha segunda mulher.
Antes de morrer, entretanto, meio trôpego, já sem a pujança dos tempos em que Moacyr e Aldir recebiam figuras como Beth Carvalho, Paulinho da Viola, Paulo César Pinheiro, Walter Alfaiate, Luis Fernando Veríssimo e muito mais!, ainda estive algumas vezes na Dona Maria, um dos mais clássicos botequins do Rio de Janeiro.
Pé-direito alto, balcão de mármore, prateleiras de madeira espelhada, piso hidráulico, um banheiro minúsculo, se notabilizava pela cerveja estupidamente gelada (e a temperatura era atribuída a um defeito no termostato jamais reparado por exigência dos freqüentadores), pelos pastéis de bacalhau, pelas almôndegas e pela música que se fazia ali.
Foi o primeiro botequim a que levei a Morena, no final de novembro de 2011 (escrevi Desassossego sobre essa tarde, aqui, e o dediquei a ela). E foi lá que gravamos um dos episódios da série Botecos do Edu. Eu acompanhado de Leo Boechat e de Luiz Antonio Simas.
Eis o episódio.
BAR DA DONA MARIA NO ADONIS
Estive, dia desses, vai em ordem alfabética, com Gregório Duvivier, Marcus Faustini, Moacyr Luz, Morena e Teresa Cristina no Velho Adonis, em Benfica.
Derrubávamos algumas garrafas de vinho verde que escoltavam as delícias que o Mosquito (garçom de fé do Moa) trazia da cozinha quando demos, eu e Moacyr, de deitar falação sobre o saudoso Bar da Dona Maria. Pausa rápida.
Saudoso porque, como lhes contei há pouco, o bar morreu (escrevi sobre o bar aqui na newsletter também).
E morreu duas vezes.
Morreu duas vezes porque um aventureiro cometeu um crime de lesa-pátria comprando o bar e tendo a estúpida idéia de reformá-lo.
Há tempos que eu não passava pela Garibaldi.
Evitava a rua, até.
Doía demais passar por lá e saber que Aldir não estava mais ali, naquele apartamento-bunker a que tantas vezes fui, a última em 27 de abril de 2018, quando Aldir rezou a barriga da Flávia, contei sobre esse dia aqui.
Falamos tanto sobre o bar, sobre os personagens do bar, sobre o que vivemos no bar que - faço a confissão pública - fui ao banheiro pra chorar de saudade.
A matei, e por isso pus o vídeo aqui pra você que me lê, vendo e revendo o episódio que gravamos lá.
NOI
A newsletter segue com a parceria com a Noi, a mais carioca das cervejas - a despeito de ter nascido em Niterói.
Já lhes fiz a confissão e a repito: eu e Simas usamos e abusamos do delivery da Noi durante o dificílimo ano de 2020 e em 2021 tive a graça de saber que quem armazena e gerencia a distribuição da Noi aqui no Rio é o Thiago, meu irmão, irmão do meu irmão, de quem já lhes contei também aqui.
Você pode fazer seu pedido de delivery aqui e, na hora de fechar, usar seu cupom de desconto BUTECODOEDU
Usem e abusem que o desconto é de 10% e o chope e a cerveja são demais.
Até.
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