Eu quero mesmo que você ouça o ranger das molas da porta de ferro sendo erguida pra inauguração informalíssima do Buteco do Edu (com a licença da palavra que eu detesto) repaginado. Porta, no singular. No imaginário, o buteco é tão pequeno e improvável como o CTI das Almas, essa mágica em forma de botequim, porta minúscula na calçada da Martins Pena, balcão possível pra não mais do que dez cotovelos (troço absolutamente impensável em tempos de pandemia). Daí a graça disso aqui, já que aqui posso juntar muita gente diante da casco escuro mais gelada, especialidade do Roberto, aliás (o dono da espelunca real).
Dito isso, vamos ao que quero lhes contar nessa primeira ~newsletter~ - e preciso me acostumar a isso. Foram mais de 16 anos com o blog no ar (aqui). Dezesseis anos de muita interação com o que eu chamava de “meus poucos mas fiéis leitores”. Esse novo formato foi fruto da idéia (sei que não há mais o acento agudo mas eu sou incorrigível com relação a isso) e do incentivo da Marianna Araujo que, não por coincidência, conheci por conta do blog (aqui, texto de sua autoria que publiquei em 14/02/2011, quando ainda não a conhecia, depois de receber simpático e-mail daquela que hoje é minha amiga e também minha editora [merchan pra Mórula Editorial]). E também por conta do incentivo (esse, permanente e suspeitíssimo) da Morena. É pras duas que ergo o copo, no primeiro brinde, depois de oferecer o primeiro gole a quem de direito, Exu.
Voltando, pois: vou precisar me acostumar com esse novo formato, com essa nova dinâmica (um texto por semana), com novas possibilidades de interação - uma das coisas que mais me agrada nesse exercício da exposição. Abusem, portanto, do que vai lançado no final. Tô no Twitter, tô no Instagram, tô no YouTube. Escrevam, me contem o que gostariam de encontrar por aqui, as idéias são muitas e ainda muito pouco definidas.
Pretendo escrever minhas receitas (publiquei 21 receitas no velho blog). Ou publicar novas entrevistas (foram 6 no blog). Retomar a ~coluna~ Ego do Buteco. Enfim. Conto com vocês pra me ajudarem na busca do norte.
Pra encerrar, uma história que quero lhes contar desde maio do ano passado e que só contei no Twitter, em forma de fio. Vamos a ela. Antes: a foto que escolhi, abaixo, foi tirada por mim, no Estephanio´s Bar, e a publico aqui como homenagem a dois grandes amores que tive e que hoje são uma saudade que não passa, Aldir Blanc e Beth Carvalho - é sobre ela a história que passo a contar.
No dia em que Beth Carvalho foi oló, tão logo recebi a notícia, dirigi-me ao Pró-Cardíaco, em Botafogo. Lá, Luana Carvalho, sua filha, deu-me uma missão: levar cerveja pro gurufim de sua mãe, no dia seguinte, no Mourisco, sede social do Botafogo.
Na manhã do dia seguinte, primeiro de maio, saí de casa com o Simas (moramos no mesmo prédio) com um isopor lotado de latas de cerveja. Tomamos um táxi e paramos num depósito de bebidas. Pedi pro dono, que me atendeu, cobrir tudo com gelo em escamas.
Ele:
— Churrascão no feriado?
— Não... É pro velório da Beth Carvalho...
Em silêncio, o homem pôs o gelo. Pôs sal grosso. Álcool. Caprichou, socou o gelo bem compacto. Fez sinal de que tinha terminado, tampou o isopor.
Perguntei:
— Quanto te devo, meu chapa?
E ele, visivelmente emocionado:
— Pra dona Beth não é nada, não...
Uma artista popular, Elisabeth Santos Leal de Carvalho.
Nos meus delírios, ontem Beth recebeu Ubirany de braços abertos e com dois tamancos nas mãos.
Até sábado que vem!
Podemos continuar o papo (e você pode saber mais sobre mim, nessa exposição permanente que são as ~redes sociais~) no Twitter | no Instagram | ou no YouTube
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Parabéns pelos seus textos
Aldir Blanc e Beth Carvalho nos nossos corações, sempre ! Abração Edu.