Buteco do Edu

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FAMÍLIA, FAMÍLIA, FAMÍLIA

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ou a parentalha que todos nós carregamos

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Edu Goldenberg
jan 25, 2025
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edição número 31 - newsletter Buteco do Edu

Prezadíssimo leitor, prezadíssima leitora, vocês jamais me verão escrevendo ou dizendo prezadíssime leitore: a edição da newsletter que você acaba de receber é a trigésima primeira dirigida exclusivamente aos assinantes da Buteco do Edu, sendo que os assinantes que pagam pela assinatura têm acesso integral ao conteúdo (que palavrinha desgastada e mal usada…) - e se você ainda não se decidiu por assiná-la, peço que considere fazê-lo por incontáveis razões que vão desde o gesto de prestigiar o autor, até o valor irrisório da assinatura. Esteja certo: é um gesto bonito assinar a newsletter de quem você curte ler, prestigiá-lo.

Se você já é assinante dessa modalidade e se estiver gostando do que tem chegado até você toda semana, faça correr esse link, faça propaganda da newsletter, convença alguém que goste de ler a vir para cá e a assinar a Buteco do Edu. É só clicar aqui ou no link no final desta edição. O valor, repito, é irrisório, e a demonstração de prestígio não tem preço que pague.

Divirtam-se.


AINDA ESTOU AQUI

Sou de 27 de abril de 1969.

Nasci em um domingo - o que me gerou, anos depois, um pequeno trauma.

Conto: o jornal O Globo, em meados dos anos 70, lançou uma promoção. Você podia comprar a capa do jornal do dia do seu nascimento. Éramos três, lá em casa: eu, o mais velho; Fernando, o do meio e Cristiano, o caçula.

A foto abaixo, tirada no quarto que dividíamos - o caçula ainda não havia nascido - deixa pistas que atestam a verdade do que vou lhes dizer: tudo o que eu ganhava, tudo!, o então mais novo também ganhava.

Tínhamos o mesmo pai (que está vivíssimo e faz 81 anos hoje, 25 de janeiro), camas idênticas, o mesmo pijama azul-escuro de bolinhas brancas, o mesmíssimo cavalo de plástico com rodinhas com o qual galopávamos pelo apartamento 601 do edifício Jureva, no número 90 da São Francisco Xavier, na Tijuca evidentemente, a mesma almofada que ficava sobre o baú de palha pintado de branco, a minha com a letra E, a dele com a letra F.

A foto é, hoje, retrato de um tempo que não volta.

Sobre as letras das almofadas a que aludi, breve curiosidade que os ajudará a compreender a dificuldade que sempre tive para ser normal, segundo os parâmetros medianos.

E, de Eduardo.

F, de Fernando.

Mamãe estava grávida e já havia decretado: se for menino, chamar-se-á Gustavo. E fazia a blague: E, F e G. Ria da própria piada. E repetia, andando pela casa, de pegnoir: três filhos, E, F e G.

Nasceu o terceiro menino (embora mamãe adore contar que perdeu outros dois filhos, ambos meninos, entre 1969 e 1971 e entre 1971 e 1975).

Seriam cinco, seriam cinco!, ela vira-e-mexe repetia.

Voltando: então, a 11 de março de 1975, nasceu o terceiro menino.

Gustavo, evidentemente!

Pausa: nasceu prematuro por erro médico.

Uma das histórias favoritas do clã, repetida exaustivamente a cada 11 de março (ao menos quando tínhamos, os três, tenra idade), contava que papai, enfurecido, encurralara o médico (se minha memória não falha, um japonês) contra a parede num dos corredores da maternidade e disse, babando e cuspindo de tanta ira santa que vazava de seus olhos de pai-em-pânico:

— Torça para que meu filho sobreviva. Torça, apenas torça.

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