Eu preciso que vocês tenham um pouco de paciência: lá vem mais propaganda (e, por que não fazer o drama?, lá vem mais apelo).
Dei início, há poucas semanas, a uma campanha em busca de atrair assinantes dispostos a pagar um valor bastante irrisório para ter acesso na íntegra à versão da newsletter que desde a semana passada chega às sextas-feiras para os assinantes que me honram com a assinatura paga (outra versão da newsletter continua chegando inteiramente grátis aos sábados, mas tratando de outros assuntos e infinitamente menos completa).
A edição das sextas-feiras dá acesso a textos, fotos, vídeos inéditos - uma exposição permanente da minha memorabilia, que não é coisa pouca.
Vamos aos valores (bastante irrisórios).
Quem optar pela assinatura anual pagará um valor de R$ 4,12 (quatro reais e doze centavos) por cada texto publicado, levando-se em conta que publico quatro textos por mês).
A assinatura anual sai por R$ 198,00 (cento e noventa e oito reais), ou R$ 0,55 (cinqüenta e cinco centavos) por dia.
Não é nada!
O primeiro a assinar, a partir do envio dessa edição, e que optar pela assinatura anual, ganhará uma edição de Tijucanismos autografada - o envio fica por minha conta (combinamos tudo por e-mail).
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27/40, HOJE
Chego hoje, sábado, 16 de março, ao vigésimo sétimo dia da Quaresma 2024.
A despeito dos evidentes benefícios auferidos ao longo de tantos dias sem açúcar, sem álcool, sem carne vermelha e sem farinha branca, a travessia do período quaresmal é uma tragédia.
Gosto de ritos, já lhes disse.
E embora seja lindíssimo, o rito da Quaresma, ele é, também, de uma tristeza estúpida e avassaladora.
Dividir com vocês que me lêem, essa dor (aliás, todas as dores, e eu nunca fui econômico ou comedido ao fazê-lo), alivia um pouco o sofrimento.
Não vejo a hora, eis a confissão, de chegar o dia 30 de março, o Sábado de Aleluia, quando sairei da missa da Paróquia São Paulo Apóstolo, rezada pelos padres barnabitas, em direção ao primeiro botequim, onde serei homem pela primeira vez depois de quarenta dias experimentando essa vida santa tão insuportável.
Rezarei a oração que escrevi, há muitos anos, e que quase foi usada pela Brahma (quando ainda não havia a Ambev) em propagandas pelo Brasil afora.
Ei-la:
Bendita sois vós, bebida fermentada,
feita da cevada, do lúpulo e doutros cereais.
Rogai por nós, proteja-nos gelada,
vós que sois sagrada, vós que sois eterna,
vós que sois capaz
de amenizar os prantos,
de harmonizar o canto,
de confortar meus ais.
Bendita sois vós e, em vosso nome, reunidos,
evocamos vossa presença que conduzirá
o bate-papo de todo dia,
antítese do profano,
cerimônia da alegria,
que nenhum de nós, nós vos juramos,
por motivo leviano, abandonará.
Santa bebida, conservai, por excelência,
vosso manto, o colarinho branco,
que conserva vossa essência,
e admirai o carinho que todos nós vos rendemos
e todos nós prometemos vos adorar como a mais ninguém.
Já que sois vós quem nos anima as noites,
já que sois vós quem embala os amores,
já que sois vós quem sempre nos socorre.
Rogai por nós, os bebedores,
agora e na hora de um novo porre.
Amém!
HÁ FOLHAS NO MEU CORAÇÃO
É o Tempo.
Maio vai chegar e com ele o marco: quatro anos sem Aldir Blanc.
Quatro anos sem meu telefone tocar todos os dias (sempre ao cair da tarde, invariavelmente ao longo do dia, noutros horários) para que falássemos sobre qualquer assunto.
Quatro anos sem o mais-velho que mandava Oliveira, seu mordomo, me entregar, com certa regularidade, os livros que ele queria que eu lesse.
Já disse e repito: a imensa maioria dos livros que li, ao longo de quase 55 anos de vida (que completo em abril, no dia 27), foi Aldir Blanc que me indicou.
Foi quem inoculou em mim a paixão pelos livros policiais, pelos livros sobre a Segunda Guerra Mundial, pelos livros com foco na psicanálise.
Quatro anos sem o ouvinte atento às minhas falas, minhas queixas, minhas dores, minhas dúvidas, sem o remetente de centenas de e-mails que guardo (e releio), com conselhos, impressões, tiradas blanquianas que só mesmo ele seria capaz de bolar.
Costumo dizer, sem mentir - e divido agora com vocês essa história - que Aldir salvou minha vida num momento crucial, em 2011.
Eu estava há dias trancado no quarto quando a Léia, que trabalhava em casa, bateu à porta com o telefone na mão:
— É seu Aldir, Edu. Quer falar contigo.
A voz que ainda ecoa em mim:
— Edu, meu irmão… a menina aí me disse que você está há dias sem sair do quarto… só pede a ela que troque a garrafa de uísque, o balde de gelo, que vá comprar cigarro, que limpe o cinzeiro… sem comer… escuta…
Eu já chorava ouvindo o mais-velho:
— Se você continuar nessa toada, você vai morrer e não vai encontrar a Dani, meu chapa, porque não há porra nenhuma depois da morte. Mas se você quiser viver, anote aí um telefone. Você precisa falar, Edu, falar, falar, falar, falar… Ligue hoje mesmo pra ela.
Eu queria viver, por óbvio.
Liguei.
Estive com ela no mesmo dia.
Era ele, generoso como só ele, me pondo no colo da Maggy, sua psicanalista por tantos anos.
De lá pra cá, quase quatro anos sem ele, tantas novidades na minha vida, tantas voltas, tantas surpresas, tantos assombros, tantos baixios, tanta cumeeira, que a saudade aumenta diante da angústia de não tê-lo para comigo dividir tudo.
Nos meus delírios febris causados por sua ausência, tantas vezes me sento diante do altar que mantenho em casa com seus livros, seus discos, sua fotografia para contar a ele sobre tudo.
Quase sempre acompanhado de uma dose de uísque, como as tantas doses que dividimos ao longo de mais de 25 anos de convívio.
DAS PRATELEIRAS DO BUTECO DO EDU
Divido com vocês, hoje, texto que publiquei por ocasião do sexagésimo aniversário do Aldir. Hoje, na seção Das prateleiras do Buteco do Edu, blog que mantive ativo de março de 2004 a dezembro de 2020, republico Aldir Blanc - 60 anos, texto publicado no dia 02 de setembro de 2006, aqui.
“O Aldir é desses amigos indispensáveis, imprescindíveis, fundamentais na vida da gente. Dia desses mesmo eu escrevi que há pessoas com quem a gente põe o papo em dia e o papo nunca fica em dia tão bom o papo é. O Aldir é dessas pessoas.
O Aldir é desses amigos, o Aldir é dessas pessoas, e o Buteco, que não costuma abrir aos sábados, abre hoje, 02 de setembro, apenas para que eu possa, e possamos todos, erguer o copo à saúde desse vascaíno egresso do Estácio, hoje residente na Muda, demodè, saudosista, blasè, retrô, malandro-cocô, como todos nós, escafandristas da zona norte, que completa hoje sessenta anos de vida.
Eu, vocês sabem, sou parcialíssimo.
Sempre recusei o incentivo de pais, tios e tias, “Faça concurso pra Juiz, meu filho!”, “O salário é uma nota!”, “Ah, você de toga…”, essas preocupações justificáveis, esses conselhos compreensíveis mas diametralmente opostos ao que tenho na alma.
Por ser parcialíssimo decidi advogar, brigar pelo que defendo – e só defendo aquilo que acredito -, morrer lutando pelo que acho justo, e por isso mesmo a Casa Jorge tascou na orelha do meu livro (comprem, comprem, comprem!)*:
“Advogado formado em 1992 pela PUC, escolheu a carreira porque gosta de brigar pelos outros – vai morrer no dia em que não puder mais polemizar.”
Falei no livro e preciso fazer mais uma confissão, a última de hoje.
Meu epitáfio – os mais chegados já sabem disso – foi cravado pelo Aldir, que escreveu o prefácio, e somente alguém capaz de me conhecer na íntegra poderia tê-lo feito:
“Edu nasceu dissidente até de si mesmo.”
E por ser parcialíssimo é que eu digo, calmíssimo e com a convicção imorredoura, que o Aldir é o maior, é meu irmão mais velho, meu pai a seu modo, o maior letrista brasileiro (o que significa dizer do mundo), glória da nossa música, bastião da zona norte, do subúrbio, dos paus-de-arara, das passistas, dos flagelados, pingentes e balconistas, da menina Moema de 13 anos, dos bêbados e das equilibristas, do subúrbio e seus desenganos, comandante-em-chefe da minha mui amada Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro!
Saúde, Aldir!
Ouça daí, da Muda, o tim-tim que fazemos, eu e a Dani Sorriso Maracanã, de pé no balcão imaginário do Buteco, à sua saúde!
Até.”
* removi o link porque o livro está esgotado.
LIVROS (A HORA DA JABALÂNDIA)
Publiquei poucas coisas até hoje.
Mas publiquei.
Meu lar é o botequim, que está esgotado, foi o primeiro (mentira, tenho vergonha do primeiro e por isso eu o omito). Pode ser comprado só em sebos (aqui) - tenho apenas um exemplar novo em folha e que estou aqui pensando como posso sortear.
De hoje não passa, escrito a quatro mãos (uma troca de cartas) com Julio Bernardo (aqui).
E Tijucanismos, aqui.
Uma ou outra coletânea… e olhe lá.
UMA DICA DE PLAYLIST
Quero indicar a vocês, meus pouco mas fiéis leitores, uma das playlists que montei no Spotify - Rio de Janeiro - que já conta com 160 seguidores.
Ela será permanentemente incrementada (e eu aceito sugestões que podem ser enviadas por e-mail!).
Ela está aqui ou, se preferir, ouça já! - abaixo.
A referida playlist deve ser ouvida no modo aleatório e, repito, está longe de estar definitivamente pronta. Assim como eu.
Até.
Podemos continuar o papo (e você pode saber mais sobre mim, nessa exposição permanente que são as ~redes sociais~) no Twitter | no Instagram | ou no YouTube
Dúvidas, sugestões, críticas? É só responder esse e-mail ou escrever para edugoldenberg@gmail.com
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