JANEIRO DE 2021, E AÍ?
A FEIJOADA NA MANSÃO DOS ARAUJO
O que nos reserva 2021? Ninguém sabe. Bem me lembro que eu estava no CTI das Almas com dois queridos amigos - Marianna Araujo e Thales Machado - quando, março de 2020, o fantasma da pandemia já rondando o Brasil, perguntei a eles até quando eles achavam que as restrições (o isolamento, o uso da máscara etc.) durariam.
— Acho que até o final de abril, maio… - ela disse.
Eu, lunático (sou de 27 de abril), guinchei:
— Não vou poder fazer festa de aniversário?
— Eu acho que não… - ela disse, com carinha de solidária.
E ele, incisivo:
— Acho que mais. Até julho, eu acredito.
Eu, em desespero (Leonel é de 31 de maio):
— E a festa de dois anos do Leonel?
— Acho que não vai rolar… - ele, compungido.
Eis que cá estamos em janeiro de 2021 e ainda assombrados pelo coronavírus, tudo potencializado pelo facínora que, de Brasília, nos conduz ao fundo do fundo do fundo do fundo do poço de lodo e lama que ele representa. Pigarreio e sigo.
E que saudade do não tão longínqüo (insisto no uso do trema, abolido que foi pelo acordo ortográfico) janeiro de 2020.
Fomos convidados, eu e Morena, pra um dos eventos mais disputados da cidade: a Feijoada dos Araujo, no bairro do Flamengo.
Vê-las juntas (como na foto acima), lembrar do que foi aquela portentosa tarde do dia primeiro de janeiro do ano passado, a casa cheia, aquelas centenas de metros quadrados ocupados por vários pares de pernas indo e vindo, as mãos de muita gente sobrevoando a imensa mesa que bóia naquele salão com piso de tacos em busca das entradas que antecedem a chegada da feijoada, espirros inocentes incapazes de causar pânico, tudo parece tão distante…
E isso tudo sob o comando de Cristina, a matriarca, e de Ronald, ambos anfitriões de mão cheia. Quem lá já esteve, na feijoada ou em qualquer outra recepção oferecida pela família, sabe que o batuque na cozinha de lá é fortíssimo. Não vejo a hora de chegar 2022 pra viver de novo um primeiro de janeiro com cheiro de louro e cachaça.
Será que em 2022 vai ser possível?
Tenho até medo de perguntar.
A DONA DA CADEIRA CATIVA
Vejam: falei da Marianna Araujo e quero continuar falando sobre ela.
Marianna é daquelas amigas fundamentais. Alguém dirá, enquanto lê:
— Amiga de infância?
Não.
De certo modo, recente.
Ocorre que além de ser daquelas fundamentais, foi daquelas amizades instantâneas e definitivas.
Quero repetir o que escrevi aqui mesmo em 12 de dezembro de 2020:
“Esse novo formato foi fruto da idéia (sei que não há mais o acento agudo mas eu sou incorrigível com relação a isso) e do incentivo da Marianna Araujo que, não por coincidência, conheci por conta do blog (aqui, texto de sua autoria que publiquei em 14/02/2011, quando ainda não a conhecia, depois de receber simpático e-mail daquela que hoje é minha amiga e também minha editora [merchan pra Mórula Editorial]).”
Notem, então, que em fevereiro de 2011 ainda não nos conhecíamos. E eis-me aqui, nesse janeiro de 2021, apenas 9 anos e 11 meses depois, declarando, de pé diante do balcão imaginário, meu amor por essa doce figura.
É um dos meus desejos pra esse ano que acaba de começar: ter mais sua presença na Maison Goldenberg & Piana, como chamamos - pura blague - nossa humílima residência na Tijuca, tê-la mais e mais vezes sentada na cozinha em sua cadeira cativa (notem que não exagero, vejam a seguir).
Marcamos um almoço para um sábado qualquer, 14h - como de praxe. Pois antes das 13h o interfone toca e ouço sua gargalhada pelo interfone anunciando a presença. É ela, Marianna Araujo, que chega sempre muito cedo pra evitar que algum aventureiro lance mão de seu lugar.
NOSSA MARCA NA AREIA
31 de dezembro de 2020.
Como em todo 31 de dezembro, fomos cedo ver o amanhecer nas areias da Praia Vermelha a fim de vivermos o ritual de passagem de final de ano.
Esse ritual, em 2020, teve carga simbólica ainda mais forte. 2020 foi um ano muito duro, muito denso, e nossa sombra na areia cheia de luz pareceu-me um retrato fidedigno da turbulência desses últimos muitos meses. Os corpos fundidos num bloco só, nossas cabeças emergindo desse bloco de nós-dois, a imagem me comoveu demais. Divido-a, pois, com vocês que me lêem. Tenho muita esperança de que 2021 vai ser menos duro, menos denso.
LENTILHA CARNEADA
Faziam relativo sucesso as receitas que eu publicava no extinto blog.
Anteontem, 31 de dezembro, é mais um rito, preparei para comermos à noite uma lentilha carneada (a foto abaixo foi feita quando pus as carnes para refogar).
Pois retomarei as receitas.
No próximo sábado, 09 de janeiro, publicarei a receita da lentilha carneada que preparo todo final de ano. Decidi isso exatamente no instante em que as carnes chiaram no fundo da panela quente e a Morena disse, entrando soberana na cozinha, puxando forte o ar pelo nariz:
— Eu amo a sua lentilha!
Vou dividir, pois, a receita com vocês.
Até.
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Muito legal, Edu! Vou fazer a lentilha carneada com toda a certeza!!
Opa... no aguardo da receita da lentilha...