Soube na quinta passada, à noite, que em março, mais precisamente entre os dias 09 e 15, Julio Bernardo, meu dileto amigo - que também é conhecido à larga como Jotabê -, estará no Rio de Janeiro.
Pausa rápida pra um jabá: escrevi com ele, o que foi mais do que prazeroso, De hoje não passa, editado pela Mórula, a editora do meu coração. Você pode comprá-lo por aqui.
Retomando.
Escrevi sobre ele, aqui mesmo na newsletter, em 19 de dezembro de 2020. Eis o que lhes disse:
“A primeira edição da MINHA TRIBO fala de Julio Bernardo (na foto abaixo, comigo, na Folha Seca, a livraria do meu coração), uma das mais doces figuras que já conheci embora sua fama aponte para o mais agudo oposto. Fama, diga-se, construída por conta da rascante franqueza e sua nenhuma predisposição pra agradar a quem quer que seja por conveniência.
Escrevemos juntos De hoje não passa, editado pela Mórula - comprem o livro aqui - e que registra uma troca de cartas nossas. Foi, faço a confissão pública, um prazer imenso trocar cartas com Julinho por longos meses, de agosto de 2017 a outubro de 2018.
Além desse livro, Julinho publicou Dias de feira, Edifício Tristeza e A mão que balança o copo.
Nosso encontro deu-se por intermédio de uma amiga em comum, Kátia Barbosa. Ela disse a ele, à certa altura:
— Você precisa conhecer o Julio Bernardo carioca, o Edu.
E pra mim:
— Você precisa conhecer o Edu paulista, o Julio Bernardo.
Kátia dizia “vocês são dois adoráveis escrotos, vão se dar bem”.
Fato é que nos conhecemos em São Paulo, exatamente no dia 24 de junho de 2010, depois Julinho veio ao Rio (mais precisamente pra Tijuca em viagem registrada aqui em seu antigo blog) e daí em diante fomos amalgamando a relação de afeto que nos une até hoje.
A foto abaixo é justamente registro desse 24/06/2010: Leo Boechat, Julio Bernardo, eu e José Szegeri.
É o cara que mais manja de comida e bebida que conheço. E de longe. Os melhores restaurantes a que já fui, os melhores pratos que comi, as melhores bebidas que bebi, tudo, rigorosamente tudo, deve-se a ele (e em algumas ocasiões foi com ele!).
Tem um canal no YouTube que é um estrondoso sucesso, contando hoje com mais de 215.000 assinantes [atualizando, são hoje 264.000 assinantes], o Boteco do JB, aqui. Permitam-me a autopropaganda: Julinho bateu um papo comigo e com Luiz Antonio Simas no Bar Madrid pro seu canal. A parte 1 está aqui e a parte 2 aqui.
Seu novo blog pode ser lido aqui.
No Instagram, quase 63.000 pessoas [atualizando, são hoje 90.600] acompanham o dia-a-dia do titã, aqui.
E o multifacetado ainda tem umas das playlists que mais gosto, chamada Sadness, no Spotify, que pode ser ouvida aqui. São mais de 900 músicas, quase 600 horas de extremo bom gosto.
Agora está dando cursos online de coquetelaria, é só acompanhar pelo canal no YouTube a abertura de novas turmas.
Pra além disso, Julinho é um gentleman. Um dos últimos.”
Retomando.
Já combinei com ele uma incursão a pelo menos três botequins, dois dos quais ele ainda não conhece. Ao dono de pelo menos um, eu já avisei da visita. E só imagino a reação pânica do sujeito. Tenho uma passagem que justifica imaginar isso. Vou lhes contar.
Julinho estava no Rio hospedado em nossa casa. Era novembro. E aniversário do Simas. A comemoração estava marcada pra acontecer no bar de um amigo nosso (meu e do Simas, não do Julinho). Evidentemente que chamamos Julinho pra nos acompanhar e o titã topou de pronto.
E tomem nota do ocorrido.
Chegamos eu, Morena e Julinho.
Antes mesmo de chegarmos perto do aniversariante veio correndo em nossa direção o dono do bar. O bar estava cheio mas percebi aquele homem driblando os convidados, as mãos espalmadas em direção ao alto, percebia em sua expressão mais que medo, via terror e via pânico nos olhos do pobre-diabo.
Até que ele se aproximou e, num salto, enganchou as duas pernas no meu quadril, os braços em torno da minha nuca - uma espécie de coala - e pôs a boca colada em meu ouvido.
Disse, com a voz trêmula:
— Não deixa ele comer nada, pelo amor de Deus!
Eis aí, numa única história - verídica - o resumo perfeito do que causa o Julinho quando chega ao Rio.
GOSTOS ADQUIRIDOS COM JULINHO
Eu era um sujeito feliz com meus drinks toscos servidos com gelo comum - “gelo de posto”, ele bradou a primeira vez que viu deles aqui em casa. Ensinou-me a fazer gelo (ferve, espera esfriar, ferve de novo, espera esfriar), me fez comprar formas decentes para fazer aquele gelão transante, translúcido, copos adequados, foi - quero crer que foi mesmo - a primeira vez que percebi um terremoto no meu orçamento por conta dele.
Nessa mesma ocasião ele se ofereceu pra fazer um drink com bourbon. Eu, orgulhoso, estendi a garrafa de Jack Daniel´s. Perguntei:
— Presta?
Ele, fazendo cara de nojo:
— Pra fazer calda meia-boca de bolo serve.
Fomos, nesse mesmo dia, ao CADEG.
Deixei um rim na loja e voltei pra casa com “bebida decente”, ele fez questão de me dizer várias vezes.
Do mesmo modo, eu era feliz pelas manhãs tomando meu cafezinho Pilão, sem qualquer pretensão. Julinho foi impiedoso. Jogou o pó no lixo sem cerimônia. Ligou pra uma amiga barista, aqui no Rio, e em menos de uma hora tínhamos café em grãos a rodo, máquina trituradora, filtros de papel de uma marca japonesa, um inferno.
Sempre muito doce, embora se valendo quase sempre de modos ríspidos, Julinho foi moldando meus gostos. Eu reclamo mas eu gosto. Passei a ser muito mais feliz conjugando os verbos comer e beber depois que o conheci.
E não sei porquê mas falando sobre isso - comida, bebida - lembrei-me de hilariante episódio que vivi lá pelo início da década de 90. Tão hilariante que Aldir Blanc escreveu crônica no jornal, à época, intitulada “Uma situação Kolynos”.
Era meu aniversário e a festa estava acontecendo na casa de meus pais, no Alto da Boa Vista. Quase sempre a comemoração do meu aniversário (27 de abril) coincidia com a festa de aniversário da Mangueira. O que significa dizer que, nesse dia, Beth Carvalho, que não perdia a festa da verde-e-rosa, chegou já passava da meia-noite. Com ela, Bira Show, filho do Padeirinho. E foi ele que abordou mamãe à certa altura.
— Boa noite, minha senhora. A que horas vai ser servido o jantar?
— Ô, meu filho… - mamãe sempre maternal.
Ela seguiu:
— Não vai haver jantar. Montei aquela mesa ali, ó, com pães, frios, embutidos, diversas pastas…
E ele, de voleio:
— Minha senhora, quem gosta de pasta é escova de dente!
NOI
A newsletter segue com a parceria com a Noi, a mais carioca das cervejas - a despeito de ter nascido em Niterói.
Já lhes fiz a confissão e a repito: eu e Simas usamos e abusamos do delivery da Noi durante o dificílimo ano de 2020 e em 2021 tive a graça de saber que quem armazena e gerencia a distribuição da Noi aqui no Rio é o Thiago, meu irmão, irmão do meu irmão, de quem já lhes contei também aqui.
Você pode fazer seu pedido de delivery aqui e, na hora de fechar, usar seu cupom de desconto BUTECODOEDU
Usem e abusem que o desconto é de 10% e o chope e a cerveja são demais.
Até.
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