Um amigo muito querido, Guga Villani, me lançou o desafio: preparar na sexta-feira, jantar pra 15 pessoas, camarão na moranga (na prática, 4,5kg de camarão pra 3 morangas) - dia do seu aniversário. E no sábado almoço, também pra 15 pessoas, feijoada. Um troço perfeito pra quem, como eu, ama cozinhar.
Sexta-Feira da Paixão, 07 de abril, dia do aniversário do caboclo - vinte dias antes do meu aniversário e no mesmo dia do aniversário de minha avó Tida, que fez (fez, no presente!) 99 anos.
Jantar marcado pra 19h.
Moacyr Luz, que havia feito aniversário dois dias antes, mandou-me mensagem às 16h.
Vou ser bem sincero: queria ir pra aí já.
Um clássico do Moa: aliás, um traço que temos em comum. Somos ansiosos - com festa ainda mais. Gostamos dos bastidores, da cozinha sendo armada, do gelo chegando, dos testes dos drinks, do cheiro do refogado.
Antes das cinco da tarde ele estava no pedaço.
O que já era - faço aqui a confissão - um privilégio por conta do susto que ele nos deu, uma semana internado numa UTI.
Tive, nesse período, - essa a confissão que quero fazer - agudíssimo medo de perdê-lo.
Num dos dias de visita não segurei a onda e liguei, aos prantos, pra Morena. Confessei meu medo. Na saída do hospital, antes de ir pra casa, fui pra beira-mar. Cantei, sozinho, Só dói quando eu rio.
E ri, dias depois, do susto.
Ele estava de volta.
E dois dias depois de seu aniversário, comemorado gloriosamente no Posto 3 do Aterro do Flamengo (quando até a lua cheia subiu aos céus pra festejar o 65º aniversário do Embaixador da Cidade - que é o que o Moa é), lá estava o cara - nos conhecemos há mais de 30 anos - diante de mim outra vez.
O jantar nem havia começado.
Mas a Sexta-Feira da Paixão já deixava sua marca.
MOACYR E FAGNER
Moa chegou com sede e com fome - de um drink de leve, que ninguém é de ferro, e de violão. Ficamos ali, eu e Guga (e depois toda a assistência), ouvindo o Moacyr desfiar seu novelo de canções (as consagradas e muitas inéditas).
Eu, abusado, ainda ensaiei cantar 04 de maio, obra-prima que ele compôs com Moyseis Marques em homenagem ao Aldir (aqui).
Uma breve pausa pra um adendo: na sexta-feira pela manhã eu já havia estado com o Moacyr na feira livre da rua Garibaldi onde houve mais uma gravação pro filme Moacyr Luz: o Embaixador dessa cidade. Uma manhã emocionante com a presença de Mary Blanc, Ruy Castro, Heloísa Seixas, Baiano, Tiago Prata, Tupiara, Luizinho entre outros.
E à tarde lá estávamos nós, juntos de novo.
Um jantar inesquecível, muitos amigos em torno do aniversariante, mas o melhor estava por vir.
Porque a feijoada do almoço de sábado foi ainda melhor.
E além da onipresença do Moa - que também chegou bem mais cedo - teve a surpreendente presença de Raimundo Fagner, e vou precisar de um respiro pra lhes contar sobre isso.
MUCURIPE
Ele chegou de tênis, bermuda, colete e boné.
Contou muitas histórias - muitas!, e muito incríveis - até que tomou do violão do Moa.
Tocaram juntos, cantaram juntos, Moacyr precisou sair e Fagner ficou - com o violão.
Foi - faço mais uma confissão - um Sábado de Aleluia maiúsculo. Porque muito emocionante.
Fagner é daqueles cantores e compositores que marcaram (e marcam) a vida de muita gente. Quantos clássicos, quantas canções impregnadas na alma e na memória, quanta trilha sonora das histórias das vidas de milhões de pessoas…
E o cara estava ali, diante de nós.
Arrisquei pedir ao Guga, muito amigo dele, que pedisse Mucuripe, que considero a mais bonita do cancioneiro brasileiro. E o cara cantou.
Não segurei o choro, a emoção, rezei baixinho enquanto chorava agradecendo tanta graça ao longo de quase 54 anos de vida, em especial aquela, aquele encontro, aquela tarde, à vida.
Minha mulher e meu filho estavam comigo, grandes amigos comigo, dois gigantescos artistas brasileiros e o peso da boniteza da obra dos dois, desfiada diante de nós.
Que privilégio.
ALAMEDA ALDIR BLANC
Venho com mais detalhes mais à frente.
Mas no dia 04 de maio será inaugurada a Alameda Aldir Blanc na Tijuca, na Muda mais precisamente.
Seguindo projeto do artista plástico Mello Menezes, o Zeca, o mais antigo e constante amigo do Aldir, a Prefeitura do Rio de Janeiro vai entregar à cidade um monumento à altura da grandeza do Bardo da Muda.
Tá tudo muito bonito!
MEU NOVELO DE MEMÓRIAS
É sempre assim durante os abris.
Serei - eu disse que seria e serei - mais assíduo até 27 de abril.
Farei mais balanços públicos.
Porque há quem adoeça por não falar.
Há quem adoeça por não saber se expressar.
E há quem adoeça por não escrever: sou desses.
Até brevíssimo!
Podemos continuar o papo (e você pode saber mais sobre mim, nessa exposição permanente que são as ~redes sociais~) no Twitter | no Instagram | ou no YouTube
Dúvidas, sugestões, críticas? É só responder esse e-mail ou escrever para edugoldenberg@gmail.com
📩 Se você gostou do que viu aqui e ainda não assina a newsletter, inscreva-se no botão abaixo e receba por e-mail, uma vez por semana, sempre aos sábados, o Buteco do Edu. E se você achar que algum amigo ou alguma amiga pode se interessar pelo papo de botequim, encaminhe esse e-mail, essa newsletter, faça correr mundo esse balcão virtual.