Retomo a rotina da newsletter pouco mais de quatro meses depois da última que foi disparada, em 17/07/2021, e que pode ser lida aqui. Faço questão de dizer, levemente embevecido, que o faço motivado pelo tanto de mensagens que me chegaram ao longo desses quatro meses, gente pedindo que a newsletter Buteco do Edu voltasse pelas mais variadas razões, a imensa maioria de gente hiperbólica como eu - eis-me aqui, portanto, de volta.
Motivou-me, também, querer contar a vocês que me lêem sobre o VIII Barreado de Morretes que oferecemos na Maison Goldenberg & Piana no último dia 07 de novembro, um domingo. Especialmente Marianna Araujo, minha editora amada, saudosa das, digamos, colunas sociais do antigo blog (que pode ser visitado aqui), pediu-me muito que voltasse logo - e pra contar sobre o Barreado.
Marianna era (e ainda é) a maior fã da coluna Ego do Buteco - aqui.
Voltemos ao Barreado.
Barreado de Morretes que ganhou, ao longo dos anos (graças ao alcance das chamadas redes sociais), ares de lenda. A quantidade de gente que quer receber um mísero convite para um desses almoços é imensa - e isso, como já lhe disse mais acima, repito, me envaidece.
Havíamos feito o último (o VII Barreado de Morretes) em novembro de 2019, em homenagem à minha afilhada mais nova, Teresa. A pandemia fez com que por longos dois anos a Maison G&P não recebesse para os legendários almoços e jantares (e não apenas para o Barreado de Morretes). Até que decidimos, eu e Morena, convocar uma pequena tropa para o almoço do dia 07 de novembro.
Deu-se o alvoroço. Teve gente que já tinha compromisso - “de família, de família, inadiável!” - e que adiou a bagaça pra estar presente. Teve gente implorando de joelhos pra levar aquela amiga que há anos sonha com isso, teve gente fazendo sua estréia na MG&P, e teve até quem telefonasse no meio da tarde fazendo o apelo - “posso ir?” - e que teve êxito.
O Barreado de Morretes é feito uma reza, um ritual. Na sexta-feira fui às compras, 10 quilos de carne, bacon, louro, tomilho, cebola, alho, bebida o bastante, no sábado à tarde preparei a marinada e perto das nove da noite pus o caldeirão, devidamente barreado (foto abaixo), em fogo alto.
Em fogo alto ele ficou por uma hora, em fogo médio por mais duas e depois pus a chapa de ferro entre a chama e o caldeirão para as mais de dezesseis horas à frente.
A excitação que tomou conta de mim, afinal há dois anos eu não me dedicava a um almoço desse porte, não me deixou dormir um só segundo. Normalmente durmo perto da cozinha com o despertador tocando de meia em meia hora para checagem do lacre de barro. Dessa vez, repito, não dormi um só segundo.
Só quem cozinha sabe, e só quem cozinha com prazer (e com amor, e com dedicação) sabe o quanto é misterioso o ritual de um prato como esse, que requer muitas horas de cozimento e uma atenção cirúrgica durante todo o tempo de preparo.
Eu, que preparei o I Barreado de Morretes por amor (e pra impressionar a Morena) - leiam aqui - até hoje, eis a confissão pública que faço, o preparo pensando nela, é pra ela, no fundo é pra ela, que eu cozinho o prato típico do litoral paranaense.
Vamos à lista dos afortunados e das afortunadas presentes ao VIII Barreado de Morretes. Além de mim e da Morena, evidentemente, Marianna e Marília, Candinha e Simas e Luana (todos já haviam provado do meu Barreado de Morretes). Fazendo sua estréia, Ju, Fabi, Maína e Faustini, Fernanda, Mãeana, Mariana e Thiago, Victoria e Eduardo. E as crianças, Leonel, Duda, Mia, Antônia, Artur, Olívia e Thiaguinho.
É indescritível (a foto abaixo não me deixa mentir) a sensação boa que é, já no começo da manhã, misturar o aroma do café, necessário pra manter o alerta, ao cheiro de Morretes que invade a casa, uma mistura de cominho e louro que inebria.
Daí eu já estou em transe: o rio Joana já virou o Nhundiaquara, já tô dançando o fandango sozinho na cozinha, e a Maison G&P vai ganhando cor e forma do litoral do Paraná, a Tijuca cercada pela Serra da Graciosa, a mesa sendo posta, a tina chegando com o gelo, o caldeirão ainda sendo barreado e os convidados que não param de chegar.
Foi, faço mais uma confissão pública, muito emocionante ouvir, depois de tanto tempo, o interfone tocar incessantemente, as pessoas chegando, se abancando na cozinha, na sala, aquele frege do qual sentia tanta falta, som de copos brindando, som de chapinha espocando, som de rolhas estourando, música, violão, festa - axé, em síntese.
A mesa posta, como mandam os rituais, com banana, com cachaça de banana (acompanhamento indispensável para o mais tradicionalista adepto do rito do Barreado), tira-gosto de tudo quanto é tipo, estávamos ansiosos demais pelo começo do furdunço.
A foto abaixo não me permite mentir, a expressão da alegria de Marília, de Marianna, de Morena e de Luana evidencia o quanto foi bom e dá o tom do que foi a tarde.
E teve de tudo.
Recebi pela primeira vez na Maison G&P o Thiago, que aparece na foto abaixo comigo.
Meu irmão, irmão do meu irmão Fabinho (de quem tenho agudas saudades desde 2004) - falei dele aqui - esteve lá com Mariana e os filhos, Olívia e Thiaguinho. Comeram o Barreado pela primeira vez, acompanharam a saga durante toda a madrugada (transmissão quase que ao vivo pelo Instagram) e, como Faustini e Maína, Mãeana, Fernanda, Victoria e Eduardo, saíram da MG&P com a certeza de que almoço (ou jantar) lá em casa é sempre épico.
Também mantendo uma tradição lá de casa, tudo terminou em música.
Simas, inspiradíssimo (já havia sido assim no Círio de Nazaré, quando ensaiamos reabrir a Maison mas ainda pra pouca gente) tomou do violão. Morena do pandeiro. Luana do tantan.
Todos no coro, e assim avançamos até a noite.
O Barreado foi servido pouco depois das 18h, mais de 20 horas de fogo.
2022 que nos segure.
Na Quarta-Feira de Cinzas repetiremos a também já tradicionalíssima Feijoada da Apuração, e seguramente vai haver mais Barreado de Morretes durante o ano.
Cozinhar é um gesto de amor.
Receber é um gesto de amor.
E por isso eu digo, sem medo do erro (e às favas, a modéstia!), que a Maison G&P é insuperável no quesito.
Fecho, pois, a newsletter de hoje, reproduzindo a mensagem que a Marianna (justamente a que me pediu essa resenha) me mandou no dia seguinte:
“Obrigada vocês. Essa casa é um refúgio, um alento, um ninho. Quem por aí passa, vive muito melhor.”.
Até!
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